Emily Braga
Eu poderia escrever mil poesias sobre o amor
Mas ainda sim, não seria o suficiente
Poderia passar uma vida inteira oferecendo ao mundo
As poesias mais belas
O sentimento mais puro
Mas antes preciso honrar
Todo sofrimento e descrever de forma curta
O sangue que foi derramado da maneira mais hipócrita e bruta
Eu ainda sinto a dor das minhas ancestrais
Que foram proibidas de demonstrar afeto
Que tiveram que deixar os próprios sentimentos para trás
Para seguir um novo trajeto.
E em busca do que sentia ser certo
Muitas morreram
Outras foram agredidas
Muitas com medo
Outras oprimidas
Em uma luta diária por direito
Dia após dia a história mudava o seu enredo
Por muito tempo reprimiram o amor
Causaram dor
Julgaram
Queimaram
Nos jogaram na fogueira
Eu ainda sinto
As mãos sendo amarradas
Mas o coração gritando por liberdade
Eu sinto o fogo queimando a pele
As cinzas caindo no chão e sendo levadas pelo vento
E nós ainda sentimos isso todos os dias.
Diante de tudo o que sinto
De todas as minhas vivências em labirintos
Quem é você para me dizer quem amar?
Quem é você para saber o que é o amor?
Quem é você para saber quem eu sou?
O que quero?
Os meus desejos?
Ou até os meus maiores medos.
Quem é você para me dizer o que devo fazer ou seguir?
A sociedade foi manipulada
E sem questionar
Manteram-se em seu lugar
Sem dizer uma só palavra
Faz muito tempo
Mas história se repete
De forma diferente
Mas ainda gritante
Como um trompete em uma coleção na estante
Muitas portas se fecharam
Quando abrimos a do armário
Muitas até pensaram em desistir
Voltar para o antigo cenário
Negar sua identidade e deixar de existir
Mas por que não ser feliz?
Se só temos uma vida
Tenho que ser orgulhosa do que fiz
Porque a falta de amor
Separa
Maltrata
E o que a boca não diz
Os olhos falam com lágrimas.
Emily Braga tem 19 anos, comçou a escrever antes mesmo de aprender a ler direito. Apesar de amar poesia hoje em dia, nem sempre foi assim. Em uma época da sua vida tinha muita dificuldade para escrever poesias mais delicadas e por isso achou que não fosse boa o suficiente, até que conheceu a poesia slam e ficou apaixonada. A partir daí, passou a gostar de outros estilos também, até mesmo das poesias que falavam de amor. Percebeu que os seus versos traziam cura para si mesma e para quem tinha a oportunidade de ler. Entendeu que a escrita é um diálogo entre o escritor(a) e a leitor(a) que não se conhecem pelo nome, mas sim pelo sentimento, pelas experiências e vivências em comum. Ela escreve porque o que sente não cabe dentro de si e nem deve caber.
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