Aderson Marcelo Borges
A Secretaria Municipal de Educação (Seduc) e o prefeito de Ilhéus subestimam a inteligência dos professores contratados. Essa é a realidade de uma gestão que ainda se pauta em uma forma atrasada de gerir, pois Ilhéus nunca conseguiu se libertar do coronelismo político. Para comprovar o que digo, vamos aos fatos. Quando o atual prefeito foi reeleito, em 2020, era práxis das diretorias dos colégios municipais arrebanhar os professores contratados em grupos de WhatsApp. Os mesmos eram cotejados e impelidos a vestir camisas amarelas para subir os morros da cidade e a visitar os distritos, para engrossar as comitivas do prefeito. Alguns eram convidados até a plotar seus automóveis com propaganda eleitoral. Em resumo, o prefeito fazia uso de um poder que lhe foi conferido democraticamente pela população da cidade para se utilizar dos funcionários no sentido de pressioná-los a aderir à sua campanha. Uma nuance que caracteriza a política coronelista é o voto de cabresto, o que ocorreu nas eleições de 2020 em Ilhéus. No entanto, agora vivemos um tempo em que um novo movimento se faz presente na mentalidade dos professores contratados. Embora muitos não se manifestem, por temor de colocar em risco seus empregos, o que é justo, porque todos têm suas contas para pagar e suas famílias para sustentar, a imensa maioria desses professores abriu os olhos. Eles estão se valorizando e a insatisfação cresce com o tratamento que a Prefeitura de Ilhéus tem lhes dado. Posso dizer isso com o conhecimento de causa de quem não tem nenhum medo de se expressar e que, de certa forma, fez-se porta-voz de uma causa coletiva. A cada ato falho do senhor prefeito, os diálogos se multiplicam nos corredores das escolas e recebo uma grande quantidade de mensagens dos colegas contratados para ajustar a nossa resposta, no sentido de saber qual providência é a mais adequada para que possamos continuar a luta pelos direitos da categoria.
Esse é um caminho sem volta, um carro sem freio, a chama de um fósforo se espalhando em um canavial. Se a atual gestão não fizer os ajustes necessários, a próxima fará.
O prefeito de Ilhéus, que subestimava a inteligência dos professores arrebanhando-os para engrossar suas campanhas, que ainda não ajustou a carga horária dos contratados à Lei Federal 11.738/2008, que não forneceu merenda e tinta para pincéis de quadro branco nas escolas por meses, que não pagou aulas extras a um enorme contingente de professores e que concede o Vale Mais por tempo determinado como política eleitoreira (que está atrasado há 9 dias), diante dos novos tempos, vai ter que escolher se pretende ser inteligente ou não, pois a categoria está pronta para lhe dar a resposta nas urnas.
Embora ele não saiba, muitos professores que posam para foto abraçando-o estão insatisfeitos com as atuais condições e almejam as mudanças das quais sou um simples instrumento. O que resta ao prefeito é acompanhar as mudanças. Do contrário, terá que dar lugar à política dos novos tempos, pois o seu modo coronelista de fazer política está com os dias contados. A oposição, em um futuro muito próximo, não se furtará a abraçar esta pauta.
O fato é que o prefeito tem perdido muita força política na educação. Os corredores das escolas, representados pelo seu corpo docente, não aceitam mais políticas eleitoreiras. O clima por causa do Vale Mais temporário é de muita revolta, dado que os professores contratados já são explorados com uma carga horária exacerbada que não cumpre a Lei Federal 11.738/2008. O tempo é chegado.
Aderson Marcelo Borges é professor de Filosofia.
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