Kaio Mendes
Historicamente, a região cacaueira sempre lidou com o medo do coronelismo. Antes, sua população temia a violência e manutenção de regimes de trabalho semiescravos, enquanto atualmente, encontra-se acuada por uma espécie de assombração contida em sobrenomes irrelevantes que transitam no poder dado pelo próprio povo.
A paralisia coletiva aparentemente não é pior que a falta de consciência de classe, capaz de fazer pessoas sofridas por vezes relutarem em se manifestar e em outras oportunidades repudiarem manifestações por direitos elementares.
Referente a atualidade ilheense, por exemplo, é fácil observar a dificuldade de mobilização contra o transporte coletivo com preços abusivos e ataques a saúde básica das populações de localidades rurais.
Os problemas citados anteriormente, portanto, são as causas e as barreiras para que fenômenos como aumentos abusivos, transportes lotados e retirada de equipes de saúde do programa Mais Médicos das comunidades rurais não sejam vistos como escândalos revoltantes. Pois além das relações políticas que explicam esses ataques ao povo, há interesses econômicos escancarados em figuras da gestão, como por exemplo, uma Secretaria de Saúde Pública comandada por empresário de clínicas privadas.
Por fim, nos resta questionar até quando o “galinheiro” vai fingir que as “raposas” estão na sua casa cuidando do seu bem estar e da sua saúde. Já que parece haver uma ideia egoísta de que se os poderosos tiverem destruindo indivíduos um a um, só resta torcer pra que não seja o próximo, quem vai defender quando sua hora chegar?
Kaio Mendes é graduado em Economia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e ex-Coordenador de Pesquisa do DCE Carlos Marighella.
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