Elias Carlos Arakuã Ete
Não foi, nem será,
aquilo que devia ser.
Porque nasci lá,
estudei acolá,
mas aprendi cá.
Mesmo sem saber, o povo era Tupinambá.
Aqui em Olivença junto dos meus ancestrais,
parentes, irmãos, primos e chegantes,
a gente virou gente,
vivendo do nosso jeito,
de nossas formas e ação.
Mostramos que temos alma
e também coração,
que, mesmo cismado, a gente tem união
na luta pelo território, pela saúde
e também pela educação.
Junto com nosso povo Tupinambá
do território de Olivença,
foi assim que aprendemos a amar
os cabocos, as cabocas,
índios e indígenas do Sul da Bahia.
Desde de nossas comunidades Itapoan, Akwipe, Serra Negra,
do Serrote, do Padeiro, Tukum, Santana, Santaninha e Igalha.
Assim, como nosso povo da primeira hora da beira da praia,
sendo os Pataxó de Coroa, de Porto e de Cabrália.
E os Pataxó Hãhãhãe dali do interior,
onde o morubixaba como gigante,
com muita força e amor,
está a sustentar a luta pela saúde
e uma educação de qualidade,
bilingue, intercultural, diferenciada,
para nosso povo indígena defender seu território,
sua cultura, seu modo de vida, que vive sob ameaça constante.
Daqui e de lá distante: de Santa Catarina, do Rio de janeiro,
de São Paulo e Belo Horizonte,
vive a acompanhar nossa luta do dia a dia,
seja na roça, na escola ou na cidade.
Desde do Teotônio Vilela, Princesa Isabel, Conquista ao Nelson Costa,
estamos a propagar nossa cultura, nosso saber.
Com nossos banhos, nossas ervas medicinais,
com nossos cachimbos ancestrais,
fazendo nossos rituais,
para os encantados e Tupã nos ajudar,
o mal afastar e as vitórias conquistar.
Foi sempre assim,
desde dos anciões
aos curumins a ramiar
em nosso Poranci,
Assim disse Jacy.
Elias Carlos Arakuã Ete Tupinambá, licenciado em História pela UESC, técnico em Contabilidade, professor indígena na escola CEITO (Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Olivença) em Ilhéus BA.
Poesia linda! Faz a gente sentir o sangue tupinambá correr nas veias
Faz a gente acordar e se emocionar
Faz a gente sem querer a luta vivenciar