top of page

RIO GRANDE DO SUL | MADRUGADA DE TENSÃO E MEDO NA RETOMADA XOKLENG KONGLUI

Atualizado: 23 de ago. de 2023

Homens armados se dirigiram à retomada e efetuaram disparos de armas de fogo contra a comunidade; não houve feridos, mas os indígenas temem novos ataques


Roberto Liebgott/Cimi Sul


Retomada Xokleng Konglui, em São Francisco de Paula (RS). Reprodução: Cimi

Na madrugada do último domingo (20), homens armados se dirigiram até a retomada Xokleng Konglui, em São Francisco de Paula/RS e fizeram disparos de armas de fogo contra a comunidade. O fato, de acordo com o relato das lideranças da comunidade, ocorreu por volta das 2 horas da manhã. A comunidade pede, junto ao Ministério Público Federal (MPF), providências e requer que a Polícia Federal faça patrulhamento na região.


Os Xokleng da Retomada Konglui vivem nas margens da RS 484, em frente à Floresta Nacional de São Francisco de Paula, onde as famílias estão acampadas, aguardando que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) cumpra com sua responsabilidade e proceda aos estudos circunstanciados de identificação e delimitação de seu território originário, que fica dentro da Flona e de onde, por força de uma liminar da Justiça Federal de Caxias do Sul, foram removidos.

Essa vulnerabilização de famílias indígenas é inaceitável. A comunidade Xokleng, ao longo dos últimos anos, passou por muito sofrimento na beira da estrada: chuvas, vendavais, ciclones, frios intensos, falta de saneamento e de água potável, de comida e um precário atendimento em saúde.


Nada pode ser mais cruel do que submeter idosos, crianças e adultos a viverem em condições degradantes. Juízes, desembargadores, integrantes do Governo Gederal, MPF, Advocacia Geral da União (AGU)... Todos, sem exceção, conhecem aquela realidade, mas nada efetivamente fazem para assegurar os direitos humanos dos indígenas, que, a rigor, enfrentam no cotidiano a violenta desumanização. Nada é por acaso. As florestas estão sendo privatizadas para a iniciativa privada. Tudo vira "bioeconomia", enquanto as bio-existências dos indígenas acabam, dramaticamente aniquiladas.

Cacica Cullung Xokleng. Foto: Alass Derivas / @derivajornalismo.

Que esse fato não se repita, que medidas urgentes sejam adotadas no sentido de garantir segurança aos indígenas Xokleng e que se inicie, imediatamente, os estudos de demarcação daquele território ancestral originário e pelo qual aquelas pessoas, nas margens de tudo, no completo abandono, resistem e dão suas vidas.


Basta de crimes contra os originários filhos destas terras! Demarcação já, não ao marco temporal!


Porto Alegre, 20 de agosto de 2023.


Conheça a retomada Konglui e a luta do povo Xokleng aqui.

bottom of page